A capacitação profissional tem se tornado foco de atenção para muitas instituições e o setor nuclear não é exceção. Talvez tardiamente as organizações se deram conta que capacitação difere de qualificação profissional, porque não se resume ao conhecimento técnico, mas também à aquisição de habilidades e competências interpessoais, como a transmissão de conhecimentos e experiências em prol do desenvolvimento coletivo e sustentabilidade da organização. Capacitação profissional, qualificação, gestão do conhecimento e comunicação foram os temas do III Simpósio Internacional sobre Educación, Capacitación, Difusión y Gestión del Conocimiento Nuclear, organizado pela LANENT. O evento aconteceu entre os dias 26 e 29 de julho na Universidade Tecnológica Metropolitana em Santiago, Chile. O Simpósio foi um rico fórum de discussão e troca de experiências entre dezenas de profissionais da América Latina, dentre os quais os brasileiros, Fernando Razuck do IRD e Denise Levy da SBPR.
A temática da transmissão do conhecimento nas instituições se mostrou uma preocupação generalizada, assim como a complexidade de se colocar em prática treinamentos e capacitações visando o compartilhamento dos conhecimentos explícitos e tácitos nas diferentes instituições, considerando-se suas áreas de atuação e particularides. A Gestão do Conhecimento foi tema de mais de uma dezena de palestras, incluindo conferências ministradas por experts da AIEA, além de palestras de diferentes países, a saber: Peru (IPEN), Espanha (SNE e Tecnatom), Argentina (CNEA), Brasil (IRD), Cuba (AENTA e INSTEC), Nicarágua (UNAN) e Chile (UTEM). Algumas preocupações ressoam em nível de América Latina, como a identificação de uma lacuna entre uma geração que se aposenta e a falta de profissionais com capacitação e experiência para preencher esses lugares. Muitas instituições compartilham suas estratégias para diminuir a preocupante taxa de turnover, como investimento em uma maior valorização dos profissionais (financiamentos de pesquisas, participação em congressos, premiações) e ações para a qualificação profissional. Efetivamente, a qualificação profissional foi outro tópico marcante neste simpósio. Especialmente após a pandemia global da Covid 19, muitos foram os desafios de universidades e instituições para o ensino e o treinamento corporativo. Nesse sentido, o evento foi uma oportunidade de compartilhamento de experiências entre soluções e ferramentas virtuais para treinamento, desenvolvimento e recursos de formação.
As habilidades de comunicação do conhecimento não se restringiram à gestão do conhecimento, ensino universitário e qualificação profissional. Foram abordadas também a importância das diferentes formas de comunicação entre profissionais da tecnologia nuclear, para construção e manutenção de relacionamentos profissionais, fortalecimento de grupos, engajamento no compartilhamento da informação e incentivo ao protagonismo da comunidade. Eduardo Medina, presidente da FRALC apresentou as diferentes redes que coordena, atuando como um facilitador da comunicação em diferentes grupos, como à proteção radiológica, gestão do conhecimento ou comunicadores da América Latina, entre outros. Para além da transmissão do conhecimento no âmbito laboral e entre pares, foram também apresentadas diferentes iniciativas de comunicação entre a ciência e a escola. Foi apresentado o projeto Nucleando, iniciativa da LANENT, com criação de materiais online e sequências didáticas para uso dos professores do Ensino Básico em todos os países da América Latina de língua espanhola. Foi apresentado o Rincón Educativo, iniciativa espanhola do Foro Nuclear, com conteúdos, vídeos e lâminas interativas com explicações detalhadas sobre as diversas aplicações pacíficas da tecnologia nuclear para escolas e professores. Outro destaque para o trabalho com escolas, crianças e adolescentes foram as pesquisadoras Lourdes Torres (Argentina) e Denise Levy (Brasil), com 4 palestras cada uma, apresentando o saber-fazer didático para além dos muros das instituições, com projetos originais que visam favorecer a aprendizagem e a apropriação do conhecimento científico. A resistência à tecnologia nuclear, carregada de preconceitos e desinformação, é temática recorrente em diversos países, assim como seus reflexos nas agendas políticas e impactos na pesquisa e desenvolvimento. Esta é uma das razões pela qual a LANENT incentiva e apoia projetos para a disseminação do conhecimento nuclear junto à população na América Latina e Caribe.
O Simpósio Internacional sobre Educación, Capacitación, Difusión y Gestión del Conocimiento Nuclear é um evento bienal e o Brasil lançou sua candidatura para sediar o próximo evento, no Rio de Janeiro, em 2024. Em breve teremos mais novidades!
Fotografias: participantes da América Latina e Caribe no III Simpósio LANENT e apresentações de estratégias de comunicação com diferentes públicos, por Lourdes Torres (Argentina), Eduardo Medina (Peru) e Denise Levy (Brasil)
IX Congresso Internacional de Radioproteção Industrial
VIII Congresso de Proteção Contra as Radiações dos Países de Língua Portuguesa
VII Congresso Brasileiro de Proteção Radiológica
I Encontro Nacional de Mulheres do Setor Nuclear
O evento acontecerá em Poços de Caldas Minas Gerais entre 15 e 19 de agosto, sob o tema "novo marco regulatório - oportunidades e desafios". Com aulas magnas, palestras, mesas redondas, além de sessões técnicas de apresentações orais e pôsteres, a RADIO 2022 promete ser um fórum produtivo para a discussão de temas da atualidades e apresentações de pesquisas inovadoras. A conferência conjunta contará com três salas simultâneas a cada dia, divididas por áreas temáticas (aplicações médicas, aplicações industriais, encontro de mulheres da área nuclear, comunicação e gestão do conhecimento, radioproteção ambiental e aplicações nucleares, dentre outros temas) para contemplar os interesses diversos da comunidade radioprotecionista. A programação preliminar já está publicada no website oficial do evento. Ainda, para auxiliar os participantes, o comitê científico já publicou no site oficial do evento o livro com resumos expandidos. Mais de 150 resumos já estão disponibilizados com pesquisas inovadoras sobre radiação natural e NORM, Radiação-Natural e NORM; efeitos biológicos das radiações ionizantes; proteção radiológica de pacientes, trabalhadores, público e meio ambiente; cultura de segurança; emergências radiológicas e nucleares; gestão de rejeitos radioativos e descontaminação;
instrumentação nuclear e dosimetria; salvaguardas e segurança de material radioativo. Os temas transversais contemporâneos, foco de atenção nos congressos internacionais nos últimos anos, também estão contemplados em dezenas de resumos expandidos que apresentam pesquisas e resultados sobre comunicação com a sociedade, direito, recomendações e regulamentos nucleares, equidade de gênero, educação, capacitação e gestão do conhecimento em Radioproteção.
A RADIO 2022 é um evento internacional, promovido pela Sociedade Brasileira de Proteção Radiológica, em parceria com Sociedade Portuguesa de Proteção Contra Radiações (SPPCR), a Associação Brasileira de Ensaios Não Destrutivos e Inspeção (ABENDI), a Red de Optimización de Protección Radiológica Ocupacional en Latinoamérica y el Caribe (REPROLAM) e a Women In Nuclear Brazil (WIN-Brasil). Recebe o apoio da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais (FAPEMIG), Federación de Radioprotección de América Latina y el Caribe (FRALC), Indústrias Nucleares do Brasil (INB), Red LAPRAM, E Serviço Geológico do Brasil (SGB). O evento recebe patrocínio diamante da Eletronuclear e patrocínio ouro da Jabarra Radioproteção, além de 11 patrocinadores prata que também estarão presentes apresentando ao público radioprotecionista uma gama de produtos e serviços de interesse.
Inscreva-se hoje mesmo e garanta o seu lugar no evento mais esperado do ano! As vagas são limitadas. Confira no site do evento os acordos da RADIO 2022 para descontos em hoteis e passagens aéreas, além de dicas de turismo na bela cidade de Poços de Caldas.
Website oficial da Conferência
Inscrições para a RADIO 2022
Confira as áreas temáticas
Conheça o comitê organizador
A nossa Newsletter traz mensalmente entrevistas nas diferentes áreas de interesse para os radioprotecionistas. Em consonância com os esforços internacionais, a Sociedade Brasileira de Proteção Radiológica valoriza e incentiva a participação da mulher na ciência, pesquisa e desenvolvimento, no Brasil e no mundo. Este mês entrevistamos Berta Garcia Rodrigues, presidente da Women in Nuclear Cuba, que nos conta que, diferentemente do cenário mundial, em Cuba a equidade de gênero já é uma realidade.
DENISE LEVY: Como é a participação das mulheres em Cuba nas atividades profissionais de pesquisa e tecnologia e, em particular, na tecnologia nuclear?
BERTA GARCÍA RODRIGUES: As mulheres cubanas representam uma força importante dentro dos diferentes ramos do trabalho científico, constituindo mais de 45 mil mulheres e 53% de todos os acadêmicos são do sexo feminino. No setor nuclear, as mulheres representam 53% dos recursos humanos, e o impacto de seu trabalho transcendeu as fronteiras nacionais e muitas são reconhecidas como especialistas em outras regiões.
DENISE LEVY: Quais são os impactos da criação do capítulo Win Cuba e quais são as principais conquistas e ações de sucesso?
BERTA GARCÍA RODRIGUES: A criação de WiN Cuba é uma consequência da organização de empoderamento das mulheres dentro das especialidades nucleares e surge como uma necessidade de criar seu próprio espaço para continuar seu desenvolvimento. A principal conquista da rede é justamente oferecer um espaço para a motivação e expressão das mulheres nucleares. Apenas 4 anos após a criação da rede, conseguimos estabelecer práticas que já têm reconhecimento dentro do setor, como conferências científicas e, mais recentemente, a recuperação de círculos de interesse.
DENISE LEVY: Em relação à participação das mulheres na área nuclear, quais são as principais áreas de atuação? Existe uma participação significativa na área de proteção radiológica? Existe um percentual significativo de mulheres em cargos de liderança?
BERTA GARCÍA RODRIGUES: Na área nuclear, as mulheres estão presentes em todas as aplicações nucleares e radiológicas existentes no país. Com forte presença em aplicações em saúde humana e em áreas relacionadas à proteção radiológica. A presença de mulheres do setor nuclear em cargos de liderança também merece destaque. Hoje a Agência de Energia Nuclear é presidida por uma mulher e o foi em outros momentos de sua história institucional. O órgão regulador também tem sido dirigido majoritariamente por mulheres. Temos mulheres ocupando diferentes cargos em organismos internacionais como AIEA e OPAS/OMS.
Berta Garcia Rodrigues é engenheira nuclear, mestre em energia e instalações nucleares e diplomada em comércio exterior. Assistente Nacional de ligação para cooperação com a AIEA. Presidente da WiN Cuba desde a sua fundação.
Fundada em 1986, a Sociedade Brasileira de Proteção Radiológica é uma entidade técnico-científica sem fins lucrativos, filiada a International Radiation Protection Association (IRPA) e a Federación de Radioprotección de América Latina y el Caribe (FRALC). Sua missão:
Conforme estabelecido em assembleia de 08/12/20, a anuidade da SBPR tem redução de 25% para o ano de 2021. A nova diretoria da SBPR propôs uma redução expressiva no valor da cota associativa uma vez que em 2020 a mesma havia sofrido um reajuste de 100% em relação ao ano anterior (valor para associados efetivos: R$60,00 em 2019 e R$120,00 em 2020). Na referida assembleia, o presidente da SBPR, Dr. Josilto de Aquino explica aos presentes que:
Após deliberação em assembleia, fica instituída a anuidade de R$90,00 para sócios efetivos e R$45,00 para técnicos e estudantes.
Salientamos que a manutenção da SBPR é garantida pelas contribuições dos associados através do pagamento de anuidades e pela dedicação dos membros no fortalecimento da proteção radiológica no país.
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O presidente da SBPR, Josilto de Aquino, agradece a todos que contribuíram para a elaboração desta newsletter: Denise Levy, Alfredo Lopes Ferreira Filho, Nivaldo Carlos da Silva e João Carlos Videira José (Catalão).