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Newsletter SBPR - Março de 2021

Atualidades

Filiação a uma Sociedade Científica: vantagens para a formação acadêmica e desenvolvimento profissional

As sociedades científicas são organizações sem fins lucrativos que têm por finalidade promover a cooperação profissional e condições de desenvolvimento para o progresso científico.  A participação em uma sociedade científica é importante em toda carreira profissional porque demonstra comprometimento com a sua área de atuação, pertencimento a uma comunidade profissional, oportunidade de atualização contínua e possibilidade de estender seus horizontes de atuação. A troca de experiência entre pares é, aliás, uma das competências almejadas e esperadas dos profissionais no mundo globalizado.

Todas as sociedades têm missões, visões e valores bem estabelecidos. É possível participar de uma ou de várias, dependendo das áreas de interesse de cada profissional. É sempre  interessante buscar uma sociedade que atenda aos interesses plurais da comunidade, incluindo estudantes e técnicos. As sociedades normalmente promovem e apoiam eventos de interesse das categorias profissionais que representam, buscando vantagens para beneficiar seus associados. É desejável que a sociedade possa expandir sua rede de relacionamentos e estender suas ações; isso pode ser verificado, por exemplo, através de acordos de cooperação e projetos aprovados junto a órgãos de fomento. Outro indicador do comprometimento da sociedade científica é a geração e compartilhamento de conhecimento. Alguns exemplos são trabalhos e pesquisas publicados em anais de congressos ou um periódico científico com boa avaliação nacional e/ ou internacional. 

Outra grande vantagem de pertencer a uma sociedade científica é a possibilidade de estender sua rede de contatos, expandindo sua rede de network, com novas parcerias, contribuições mútuas ou mesmo optando por participar ativamente em comitês ou grupos de trabalho da própria sociedade. Todas as sociedades são formadas por profissionais e para profissionais e a participação ativa dos associados é sempre enriquecedora para todos. 

No caso da proteção radiológica, podemos citar a International Radiation Protection Association - IRPA, uma associação internacional que abrange a atuação de profissionais de diferentes países. A IRPA congrega como associadas as diferentes sociedades ao redor do mundo. No Brasil, a associação nacional filiada à IRPA é a SBPR. Assim, todos os associados da SBPR são também associados da IRPA. 
A história da SBPR é marcada pela realização de eventos de grande porte, como o IRPA Regional em 2001, presidido pela Dra. Helen Khoury e em 2013, presidido pelo Dr. Josilto de Aquino, considerado o IRPA regional com maior número de participantes até os dias de hoje! Em 2014, ainda durante a gestão do Dr. Alfredo L. Ferreira Filho, a SBPR promoveu em Gramado a International Joint Conference RADIO 2014, que contou com 403 participantes credenciados de todo o país. Para além dos congressos, a história da SBPR foi marcada pelo compromisso de atualização profissional, apoiando ou promovendo cursos de atualização e workshops específicos, como o II Simpósio Sobre  o Radônio no Brasil, presidido pelo Dr. Nivaldo Carlos da Silva (atual vice-presidente da SBPR) em 2014 e o IV Workshop de Radioproteção na Indústria, presidida pelo Dr. Josilto de Aquino no ano de 2015. O IV Workshop de Radioproteção na Indústria foi o primeiro evento presencial também transmitido de forma virtual, para benefício de dezenas de associados impossibilitados de ir a São Paulo, e contou com 238 participantes e mais de 900 acessos virtuais. Além da  produção científica disponibilizada  nos anais dos congressos, desde o ano de 2013, a SBPR edita seu próprio periódico, o Brazilian Journal of Radiations Science, revista científica destinada ao tema das aplicações das radiações ionizantes e não ionizantes, bem como do renascimento da indústria nuclear. O periódico - criado ainda na gestão do Dr. Alfredo Ferreira Filho, vem se fortalecendo e angariando o reconhecimento da comunidade científica nacional e internacional. A SBPR é uma sociedade viva, dinâmica e que busca cada vez mais expandir sua atuação. Filiada à FRALC (Federación de Radioprotección de América Latina y el Caribe) e com diversos acordos de cooperação (CNPq, ABENDI, SBPC e CNEN, dentre outros), a SBPR tem como compromisso o fortalecimento da proteção radiológica no Brasil e na América Latina.

Que outras sociedades podem contribuir com seus objetivos profissionais? Reveja seus objetivos de carreira; pesquise as diversas sociedades e suas realizações passadas; veja quem promove e quem apoia os eventos de interesse nas suas áreas de saber; verifique quem promove e publica conteúdo relevante para alavancar a sua carreira acadêmica ou profissional. Importante é pertencer, participar e expandir seus horizontes de atuação.  

Para saber mais sobre algumas ações da SBPR citadas nesta matéria
IV Workshop de Radioproteção na Indústria 
International Joint Conference RADIO 2014
Brazilian Journal of Radiation Sciences

Eventos

III Simpósio sobre o Radônio no Brasil e II Simposio Latinoamericano de Radón - 6 a 10 de dezembro de 20211, Rio de Janeiro, Brasil

O evento será promovido pelo Laboratório de Radioatividade Natural da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (LARANA - UFRN), a Associação Brasileira de Desenvolvimento de Atividades Nucleares (ABDAN) e o Instituto de Engenharia Nuclear da Comissão Nacional de Energia Nuclear (IEN - CNEN).  

A primeira edição do Simpósio sobre o Radônio no Brasil ocorreu na cidade de Natal, em setembro de 2012, sob  o tema: "regulamentação e a importância para saúde pública", organizado peloLaboratório de Radioatividade Natural da UFRN. Dois anos mais tarde, foi realizado na cidade de Poços de Caldas o "II Simpósio sobre o Radônio no Brasil: em direção ao programa nacional sobre o Radônio" e o “I Latin American Symposium on Radon”, organizado pela SBPR junto ao Laboratório de Poços de Caldas da CNEN. Estava prevista para 2016 a realização do terceiro simpósio, que seria organizado pelo CDTN-CNEN, entretanto, o evento não pode ser viabilizado.   

Neste ano de 2021, o evento será retomado, com a realização do “III Simpósio sobre o Radônio no Brasil” e “II Simposio Latinoamericano de Radonio”.  O presidente do III SRnBR e II SLARn, Thomas Ferreira da Costa Campos, ressalta o pioneirismo do tema: “Programa Nacional Sobre o Impacto do Radônio”, que também dialoga com o tema central do 50º Congresso Brasileiro de Geologia: "Geologia e Sociedade: construindo pontes por um planeta sustentável". O III SRnBR e II SLARn tem por objetivo a disseminação do conhecimento, a consolidação de pesquisas e a possibilidade de futuras cooperações, que facilitarão a integração dos diferentes grupos, articulando geocientistas, radioprotecionistas, instituições regulamentadoras e profissionais da saúde pública, que se preocupam com as influências do radônio sobre a saúde humana.

Nas edições anteriores, os simpósios discutiram as possíveis implicações do radônio em território brasileiro, dando origem a duas redes de pesquisa, a Rede Radônio no Rio Grande do Norte (RnRN) e a Rede Radônio Nordeste (RADONE). Nesta terceira edição, pretende-se assumir o compromisso de criar a Rede Radônio Brasil (RADONBR), que atuará na construção do Mapa Potencial do Radônio Geogênico no Brasil.

Cabe ressaltar que o simpósio abarca ainda as questões que envolvem o Programa Mineração e Desenvolvimento (PMD) do Ministério de Minas e Energia (MME), que segundo o ministro: 

“Este Programa define a agenda do Governo para a mineração no período de 2020 a 2023. A mineração é essencial e imprescindível para o País e para o mundo. É uma das grandes forças da economia brasileira, importante vetor do progresso e sinônimo do seu desenvolvimento para a promoção do bem-estar de todos. O estilo de vida que a sociedade moderna adotou com uma infinidade de bens, produtos, equipamentos e recursos tecnológicos torna indispensável, cada vez mais, a utilização dos bens minerais”.

Discutir as possíveis implicações do radônio em território brasileiro é um desafio e uma necessidade. Apesar das advertências da Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre os possíveis efeitos do gás Radônio, o nível de conhecimento do público geralmente é muito baixo. Espera-se que durante este evento os participantes aproveitem as conferências, mesas redondas e sessões técnicas, que com certeza gerarão frutos, por  meio da disseminação do conhecimento e novas parcerias, elementos tão necessários para o desenvolvimento do tema em nosso país. A SBPR apoia este evento.

Saiba mais em https://3srnbr.com/

Entrevista

Radiofobia: como a desinformação impacta no trabalho da proteção radiológica

A nossa Newsletter trará mensalmente entrevista com associados que prestam serviços nas diferentes áreas de interesse para os radioprotecionistas. Em março, convidamos Jan Marc soares de Smid, que há 30 anos trabalha em Inspeção e Integridade de Ativos.

DENISE LEVY: Como você percebe o medo da radiação ionizante no imaginário popular?

JAN MARC SMID: O desconhecimento é fruto das notícias negatias que chegam. Não se vê notícia em relação a algo positivo. As pessoas conhecem Goiania, Chernobyl, Fukushima, problema de armazenagem de resíduos. Certa vez uma criança associou o símbolo da minha camiseta ao "trabalho com lixo tóxico". Daí o termo radiofobia. A informação da mídia chega selecionada e equivocada. Essa é a principal fonte de informação e as informações negativas acabam gerando associações negativas. Ninguém fala sobre curas devidas à radiação ionizante e as muitas aplicações positivas no dia a dia. Ninguém reconhece a preservação da vida, meio ambiente e de ativos que, por exemplo, a radiografia industrial proporciona na inspeção de equipamentos e instalações industriais. Quantos acidentes industriais de proporções catastróficas já não foram evitados pela radiografia industrial? Porém, fica para o público apenas o lado nefasto. 

DENISE LEVY: Quais as consequências dessa radiofobia para os profissionais da proteção radiológica?

JAN MARC SMID: O desconhecimento gera um desconforto com a presença das radiações, um medo excessivo e precaução exagerada em relação à radiação. Muitas vezes, os serviços  no cliente estão nas mãos de técnicos de segurança sem informação. Quando se faz um balizamento, percebemos o receio, o medo, mesmo com a presença do supervisor de PR no local, que deveria ser a garantia de que o ambiente está seguro. O profissional da proteção radiológica, qualificado e registrado junto à CNEN, faz um cálculo justo e adequado e é confrontado por profissional de outra área que, por desinformação e desconhecimento, sugere outro cálculo, exagera nas medidas de segurança e acaba inviabilizando o serviço. Outro exemplo, na área de instalações industriais, é o ultrassom, que invadiu algumas searas que eram exclusivas da radiografia. Apesar de menos eficiente, na cabeça das pessoas parece uma técnica mais segura. Presenciei problemas de vazamentos em juntas soldadas que não foram radiografadas, dreno e vents vazavam, a verificação só poderia ser feita através da radiografia e o serviço de segurança do cliente não permitia que isso fosse feito dentro da instalação. Por desinformação, o cliente acaba  optando pelo ultrassom ao invés da radiação ionizante, em detrimento da qualidade de inspeção! 

DENISE LEVY: Que ações têm sido empreendidas para a construção de melhores pontes entre os profissionais da tecnologia nuclear e esses profissionais de outras áreas?

JAN MARC SMID: Disponibilizando informação. Estamos revisando uma norma ABNT NBR 15909, de contratação e fiscalização de serviços de radiografia industrial, para que possamos colocar um "pequeno manual" que possa ser facilmente compreendido. Esta revisão tem sido criticada pelos radioprotecionistas por ser tão minuciosa e quase didática. A tentativa é mesmo de ditar a norma de maneira didática, porque as normas CNEN só são palatáveis para quem é do ramo. Profissionais de outras áreas não conseguem traduzir aqueles valores para o seu dia a dia. E isso dificulta e às vezes até inviabiliza nosso trabalho. Temos que pensar formas de combater a desinformação para que profissionais de outros ramos tenham acesso às informações das normas de segurança. As normas internacionais, por exemplo, levam o termo "seguro". Penso que deveríamos incluir esse termo nas normas nacionais, como: transporte SEGURO de materiais radioativos; ou serviço SEGURO de radiografia industrial. A propria nomenclatura deveria ter termos que transmitem a segurança. Essa seria outra ação importante no combate à radiofobia.

Jan Marc Soares de Smid é engenheiro metalurgista, mestre em ciencia e tecnologia dos materiais, supervisor de proteção radiológica, inspetor Nível 3 em ensaios não destrutivos, inspetor de soldagem Nível 2, com 30 anos de experiencia em Inspeção e Integridade de Ativos.

Se você é associado, em dia com suas anuidades, que trabalha na área de serviços ou produtos de interesse para a comunidade radioprotecionista, e deseja ser entrevistado, envie sua proposta de contribuição para a nossa Newsletter. Todas as propostas serão analisadas e a cada mês um associado será convidado a trazer sua contribuição à nossa comunidade. Assuntos de interesse para as próximas edições: dosimetria, segurança física, setor médico, indústria e pesquisa, resposta a emergências, radiações naturais (radônio), NORM e TENORM, cultura de segurança, capacitação profissional e comunicação com o público.

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Uma entidade técnico-científica para os radioprotecionistas

Fundada em 1986,a Sociedade Brasileira de Proteção Radiológica é uma entidade técnico-científica sem fins lucrativos, filiada a International Radiation Protection Association  (IRPA) e a Federación de Radioprotección de América Latina y el Caribe (FRALC). Sua missão:      

Promover o intercâmbio de conhecimentos na área de proteção radiológica e temas afins.
Promover a difusão dos critérios de radioproteção no que se refere ao emprego de fontes de radiações ionizantes nas diversas áreas.
Promover a difusão de todos os aspectos da proteção radiológica, da segurança nuclear e dos critérios de normatização, não somente no meio científico, técnico e acadêmico, como também na sociedade em geral. 
Conforme estabelecido em assembleia de 08/12/20, a anuidade da SBPR tem redução de 25% para o ano de 2021. A nova  diretoria da SBPR propôs uma redução expressiva no valor da cota associativa uma vez que em 2020 a mesma havia sofrido um reajuste de 100% em relação ao ano anterior (valor para associados efetivos: R$60,00 em 2019 e R$120,00 em 2020). Na referida assembleia, o presidente da SBPR, Dr. Josilto de Aquino explica aos presentes que:

Um valor menor de arrecadação seria suficiente para as necessidades financeiras da Sociedade
A SBPR deve visar ações inclusivas para incentivar novos associados, assim como a permanência dos associados ao longo dos anos.
Após deliberação em assembleia, fica instituída a anuidade de R$90,00 para sócios efetivos e R$45,00 para técnicos e estudantes.

Salientamos que a manutenção da SBPR é garantida pelas contribuições dos associados através do pagamento de anuidades e pela dedicação dos membros no fortalecimento da proteção radiológica no país. 

Para renovar sua inscrição, clique em: https://www.sbpr.org.br/conteudo.php?p=renove
Se você deseja se associar, clique em: https://www.sbpr.org.br/conteudo.php?p=associe

O presidente da SBPR, Josilto de Aquino, agradece a todos que contribuíram para a elaboração desta newsletter: Denise Levy, Alfredo Lopes Ferreira Filho e João Carlos Videira José (Catalão).

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